sexta-feira, 18 de novembro de 2011

poema:retrato de mulher



Passando a vida a limpo. 
Faxineira e guerreira. 
ELA levanta cedinho, quase madrugada, 
pega três ônibus lotados.
Chega tarde em casa. Cansada, suada. 
Cuida da limpeza do banheiro 
de um shopping de luxo qualquer. 
Sustenta a família 
dignamente com o seu salário. 
Escuta as mulheres que se queixam 
dos maridos pelo celular. 
Umas se queixam da alta 
ou até mesmo da queda do dólar. 
Compram roupas de grife. 
Não lhe dão bom dia e muitas vezes 
a vêem todos os dias. 
Muitas são sujas, com uma aparência 
e com roupas de milionária. 

ELA se sente uma otária, 
mas tem certeza de que é invisível. 
Um Brasil desigual. 
Um mundo perverso como diria
o grande Partido Político 
se é que Partido diz. 

ELA tem nome e sobrenome. 
O meu abraço vai para a Mulher Anônima 
que trabalha sorrindo cuidando da limpeza 
do banheiro de um Shopping qualquer, 
mas ELA nunca será uma qualquer.
A minha bênção cósmica. 
A sua vida sim é um grande e lindo poema. 
Muito obrigada por pessoas como você 
tornar a nossa existência 
mais limpa em todos os sentidos.



Dorinha Yoshinaga
e

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